terça-feira, 5 de junho de 2012

Módulo 9 - Fernando Pessoa - Heterónimos

Fernando Pessoa Heterónimos

"Carta de Fernando Pessoa para Adolfo Casais Monteiro" - Excertos



"Mais uns apontamentos nesta matéria… Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Construí-lhes as idades e as vidas. Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me lembro do dia e mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está presentemente no Brasil. Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão nem educação quase alguma. Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 01:30 da tarde, diz-me o Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). Este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inactividade. Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso), não parecia tão frágil como era. Ricardo Reis é um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mas seco. Álvaro de Campos é alto (1,75 in de altura, mais 2 cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada todos - o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; Reis de um vago moreno mate; Campos entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado, monóculo. Caeiro, como disse, não teve mais educação que quase nenhuma - só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Ricardo Reis, educado num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É, um latinista por educação alheia, e um sem-helenista por educação própria. Álvaro de Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Operário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre."


"Como escrevo em nome desses três?… Caeiro, por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular o que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberação abstracta, que subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. (O meu sem-heterónimo Bernardo Soares, que aliás em muitas cousas se parece com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição; aquela prosa é um constante devaneio. É um sem-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade. A prosa, salvo o que o raciocínio dá de ténue à minha, é igual a esta, e o português perfeitamente igual; ao passo que Caeiro escrevia mal o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como dizer «eu próprio» em vez de «eu mesmo», etc., Reis melhor do que eu, mas com um purismo que considero exagerado. O difícil para mim é escrever a prosa de Reis - ainda inédita - ou de Campos. A simulação é mais fácil, até porque é mais espontânea, em verso.)"
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro nasceu em 1889 em Lisboa e morreu em 1915 de tubercolose. Viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão nem educação quase alguma, apenas teve instrução primária.
Alberto Caeiro era de estrutura média, louro sem cor e de olhos azuis.
Caeiro era mestre dos outros heterónimos e do próprio Fernando Pessoa pois ele privilegia o sentimento em detrimento da razão o que lhe permite:
  • Viver sem dor;
  • Envelhecer sem angústia e morrer sem desespero;
  • Não procurar encontrar sentido para a vida e para as coisas que o rodeiam;
  • Sentir sem pensar;
  • Ser um ser uno (não fragmentado);
Era também poeta da natureza, poeta das sensações verdadeiras, poeta do olhar e tinha uma atitude anti lírica.
 Ricardo Reis

Ricardo Reis é um dos heterónimos de Fernando Pessoa, Reis nasceu em 1887 no Porto, estudou num colégio de jesuítas e formou-se em medicina. Na sua biografia não consta a sua morte, no entanto José Saramago faz uma intervenção sobre o assunto em seu livro O Ano da Morte de Ricardo Reis, situando a morte de Reis em 1936.
É, um latinista por educação alheia, e um sem-helenista por educação própria.

Epicurismo:

  • Não temia a morte
  • Procurava os simples prazeres da vida em todos os sentidos, sem preocupações com o futuro
  • Fugir à dor

Estoicismo
  • Dominar as paixões
  • Aceitar a ordem universal das coisas
  
 
Álvaro de Campos


Álvaro de Campos é um dos heterónimos de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos nasceu a 15 de Outubro de 1890, não se sabe o dia da sua morte.
Álvaro de Campos tinha 1,75 m, era magro e um pouco tendente a curvarse. Teve um educação culgar de liceu, estudou engenharia na Escócia. Fora lhe ensinado latim por um tio Beirão que era padre.
características da poesia de Álvaro de campos:
- Poeta Modernista
- Poeta sensacionista
- Poeta do verso torrencial e livre

Módulo 9 - Modernismo e Literatura

Fernando Pessoa poemas e análises

"Ela Canta, pobre ceifeira"


Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anónima viuvez,


Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.


Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões p'ra cantar que a vida.


Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente 'stá pensando.
Derrama o meu coração
A tua incerteza voz ondeando!


Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência


Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai! 




Análise do poema "Ela Canta, pobre ceifeira"


A ceifeira canta despreocupadamente, julgando-se "feliz talvez". A sua voz reflecte a vida simples do campo, a alegria e o anonimato dos que vivem em comunhão com a natureza.
Por isso, o seu canto é moderado, suave, "Ondula como um canto de ave" e reflecte-se no ar limpo.
O poema estrutura-se em duas partes lógicas. A primeira abrange as três estrofes iniciais, onde encontramos a apresentação da ceifeira, a descrição da melodia do seu canto e a referência às consequências que a audição da voz da ceifeira provoca em quem a ouve. O segundo momento da composição  poética corresponde às três ultimas quadras, marcadas por frases de tipo exclamativo, nas quais está patente a introspeção do sujeito poético, marcada por uma reflexão emocionada e pela consciência da efemeridade (brevidade, transitoriedade) da vida.
 

Módulo 9 - Modernismo e Artes Plásticas

Pablo Picasso

Picasso nasceu em Málaga, Espanha, a 25 de Outubro de 1881 e morre em Mougins, França, a 8 de Abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido a poesia.

 



 George Braque 

George Braque nasceu a 13 de Maio de 1882 em Argenteuil e morre a 31 de Agosto de 1963 em Paris, foi um pintor e escultor francês que fundou o cubismo juntamente com Pablo Picasso.
George Braque conheceu Pablo Picasso com quem se deu diariamente, mas em 1914 separam-se devido à Grande Guerra.Em 1915 George Braque foi ferido na cabeça, devido ao ferimento esteve afastado da pintura durante dois anos. Em 1917 focou-se em naturezas-mortas e pinturas .

 



Almada Negreiros

José Sobral de Almada Negreiros nasceu a 7 de Abril de 1893 em Trindade e morre a 15 de Junho de 1970, foi um artista multidisciplinar, pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista português ligado ao grupo modernista. Também foi um dos principais colaboradores da Revista Orpheu.
 

















Amadeo de Souza Cardoso
  Amadeo de Souza Cardoso nasceu a 14 de Novembro de 1887 em freguesia de Mancelos, Amarante e morre a 25 de Outubro de 1918, foi um pintor modernista português. Pertencente à primeira geração de pintores modernista português.


 
Santa-Rita Pintor



Guilherme Augusto Cau da Costa de Santa Rita ou Guilherme de Santa-Rita, mais tarde passou a chamar-se Santa-Rita Pintor nasceu a 1889 em Lisboa e morreu a 29 de Abril de 1918. Foi um pintor e escritor português.


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